Por: Wender Carbonari
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) protagonizou um momento histórico no dia 21 de junho de 2025, ao realizar, no território indígena da Aldeia Amambai Guapoy, em Amambai, a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da acadêmica de Direito Jhelice Franco da Silva, conhecida em sua comunidade como Kunhataī Poty Verandy’i.
Com o título “O povo Kaiowá e seu direito à demarcação de suas terras tradicionais: Ko Yvy Nhande Mba’e”, o trabalho abordou o direito à terra do povo Kaiowá sob uma perspetiva jurídica e ancestral. A pesquisa foi orientadapelo professor Dr. Manuel Munhoz Caleiro, docente da Unidade Universitária de Naviraí, e representa uma importante articulação entre o conhecimento acadêmico e os saberes dos povos originários.
A banca avaliadora, composta pelo orientador, por Clara Mboy Jegua e por Arnulfo Morinigo Caballero, foi conduzida em Guarani, idioma tradicional do povo Kaiowá. A apresentação aconteceu na casa de reza de Nhandesy Kunhã Yvoty, avó da formanda, reconhecida como parteira, rezadora e guardiã dos conhecimentos ancestrais dacomunidade. O espaço, carregado de significados espirituais e culturais, proporcionou uma defesa marcada pela emoção e simbolismo.
O evento contou com a presença de lideranças indígenas locais, como o cacique Flaviano Franco e o vice-líder Hernani Cáceres, além de familiares, membros da comunidade e representantes da UEMS. A presença da comunidade reafirma o compromisso da Universidade com a valorização da interculturalidade e com o fortalecimento das vozes indígenas nos espaços acadêmicos.
Ao levar a defesa de um TCC para fora dos muros institucionais e realizar o ato em território indígena, a UEMS reafirma seu papel como universidade pública comprometida com a justiça social, a inclusão e o reconhecimento das diversas epistemologias.
