domingo, 15 de junho de 2025

O PROERD, o instrutor e os seus apoiadores em Amambai

Primeiro, apresentamos o PROERD, Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, que é aplicado por policiais militares nas escolas brasileiras. Foi criado originalmente nos Estados Unidos, em 1983, como o programa D.A.R.E. (Drug Abuse Resistance Education). No Brasil, o PROERD foi implantado em 1992 e começou a ser uma ação da PMMS em 1997. Desde 2003, iniciado pelo então Cabo PM Geraldo Silva, está presente na cidade de Amambai.

O PROERD é uma ação de prevenção primária, aquela que tem o objetivo de intervir antes que o consumo de drogas ocorra. Assim, a PMMS, que tem como missão constitucional a prevenção, busca parceria com as escolas e as famílias, para que, juntos, promovam a conscientização das crianças e adolescentes, buscando diminuir os impactos que o uso abusivo e a dependência de drogas têm na futura vida adulta dos jovens, especialmente em relação à violência e, portanto, aos crimes, que estão associados à adição dessas substâncias.

Em resumo, com um currículo de 10 lições, com uma aula por semana nas turmas do 5º ano do Ensino Fundamental da rede municipal de ensino, o PROERD busca desenvolver a autoestima, o autocuidado e o senso de responsabilidade dos alunos. Além disso, apresenta estratégias para que consigam resistir ao assédio das drogas durante a adolescência, período crucial da preparação para a vida adulta, e também período em que o ser humano tem mais chance de se tornar dependente, pelo fato de ainda estar em desenvolvimento.

Agora, posso apresentar o instrutor. Eu, policial militar há quase 15 anos e com graduação em História, me formei no PROERD em 2015, com o incentivo do amigo e comandante Sargento Geraldo Silva, hoje Subtenente da Reserva, e, desde então, atuo como instrutor do programa nas escolas do nosso município. Com alegria, consegui unir duas profissões numa mesma atividade: ser policial e professor.

A maior motivação para ir às escolas e levar a mensagem do PROERD está no entendimento de que, num país com tantas desigualdades, as drogas também impactam de forma desigual as pessoas, e isso vem da experiência pessoal.

Sou um homem negro, de origem humilde, filho de pai desconhecido e mãe negra, que criou 7 filhos sendo empregada doméstica e boia-fria. Não digo isso para me vitimizar, apenas para mostrar ao leitor meu lugar de fala, minha perspectiva de mundo. Nesse contexto familiar, que tinha a presença de álcool e alcoólicos, as expectativas sobre mim, meu irmão e irmãs era a de que seríamos usuários de drogas, que nos envolveríamos com violência e criminalidade, como tristemente é o determinado historicamente para as pessoas pardas e pretas no nosso país. Mas nós fugimos a essa determinação, resistimos, para surpresa de muitos.

Hoje, tendo abraçado as oportunidades que o tempo não ofereceu à minha mãe, mas que, graças a políticas públicas sociais, foram oferecidas a mim, tento levar essa mensagem de resistência aos pré-adolescentes do 5º ano, mostrando a eles que resistir às drogas é revolucionário e pode nos proporcionar uma vida adulta longe da violência e com mais saúde física e mental. E deixo o alerta: os impactos das drogas, para aqueles que são vulnerabilizados por marcadores sociais como raça, classe social e gênero, são maiores e mais vis, pois não haverá tratamento acessível, não existirá acolhimento digno, será apenas o que já esperam.

Em Amambai, tenho a felicidade de dizer que o PROERD não se faz sozinho. A Polícia Militar aqui conta com o apoio da Prefeitura, de suas secretarias municipais de Educação e de Assistência Social, da Câmara de Vereadores, do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas, do Conselho Municipal de Cidadania e Segurança Pública, do Poder Judiciário e do Ministério Público Estadual. Poderia citar muitos nomes, mas todas as pessoas que se envolvem com o PROERD saberão que, no momento em que escrevo os nomes das instituições, na verdade, penso em cada uma com carinho e agradecimento.

Ciente de que a prevenção é a arma mais sofisticada para lutar a guerra, há muito perdida, contra as drogas, sigamos levando a mensagem da resistência às drogas.

Que seja sempre celebrado o esforço coletivo pelo bem viver que o PROERD representa!

Adelino Aparecido de Oliveira Schibilski

Graduado em História pela UEMS, fez Especialização em Instituições Políticas e Processos Sócio-históricos, também na UEMS, e em Enfrentamento às Violências Contra Mulheres e Meninas, na Universidade Federal de Goiás. É praça da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul desde 2010 e atualmente está lotado na 3ª Companhia Independente de Polícia Militar em Amambai, atua no setor de projetos e programas, como membro da equipe técnica do Programa Mulher Segura, instrutor do Projeto Reinventando Masculinidades e do Programa Educacional de Resistência às Drogas – PROERD.

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